terça-feira, 3 de novembro de 2015

PRATICAR E PROFESSAR A DOUTRINA ESPÍRITA.

Hoje em  dia, ao mesmo tempo que parecem sobrar instituições religiosas em todo o planeta sobressalta aos olhos o desinteresse humano pelas coisas divinas.
Por outro lado, em muitas ocasiões percebe-se que o nome de Deus e de Jesus Cristo é usado em inflamadas pregações cujos interesses não coadunam com os verdadeiros interesses do Cristo, nosso Senhor.
Multidões buscam todos os dias nas instituições religiosas o alívio de suas aflições. isso 
não pode ser condenado, todavia, tão logo o benefício seja recebido fogem dos seus compromissos diante da auto-transformação, se entregando mais uma vez aos erros contumazes.
Jesus pregou o amor entre as criaturas e a Deus sobretudo, e afirmou que segui-lO negando a si mesmo é condição para a salvação. (Mateus 16:24)
A Doutrina Espírita, por sua vez, colocou que é indispensável o amor e a instrução, e a caridade como condição para a salvação, embasada no mais completo desinteresse  (Cap. VI, Ítem 5, E.S.E. Cap. 15, ítem 5 E.S.E.), além de reafirmar os mandamentos cristãos do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. (Cap. 15, ítem 5 E.S.E.) 
Mesmo assim, falando de movimento espírita, o que se pode perceber  é que amor, instrução e caridade nem sempre tem andado juntos.
Muitas vezes redunda o amor e a caridade, mas falta a instrução. O problema é que onde falta instrução escasseia a divulgação doutrinária e não divulgar a Doutrina Espírita é faltar com a caridade.
Diz o capítulo 40 do livro Estude e Viva: "...recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação”. (“Estude e Viva”, ditado pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz, psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira).
Amor, instrução e caridade são basilares e devem se autocompletar. Apesar dos reiterados esforços  dos espíritos superiores que tem incentivado o estudo doutrinário espírita, e também de lideranças sérias no movimento,  ainda não é essa a vertente de todos os adeptos do espiritismo. É de se notar que faço aqui referência àqueles que já se intitulam espíritas e que são frequentadores assíduos das instituições espíritas, em detrimento do que está ainda despertando o interesse pela doutrina. 
Na introdução de O Livro dos espíritos, Allan Kardec coloca que: "Os adeptos do espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiser, os espiritistas. Ora, adepto significa o que é iniciado e se torna conhecedor dos dogmas, princípios etc. de religião, seita, ciência ou doutrinaEm O Livro dos Espíritos, na conclusão (item VII), o Codificador apresenta uma classificação dos adeptos: Os que acreditam; os que acreditam e admiram a moral espírita; e os que crêem, admiram e praticam. Segundo Kardec, esses últimos são os verdadeiros espíritas, ou os espíritas cristãos. Por fim, em O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. X ítem 14, encontramos "se vos dizeis espíritas, sede-o pois."
O movimento espírita está repleto de pessoas que  professam a Doutrina Espírita, mas não a praticam. Há imensurável diferença entre praticar e professar uma doutrina.
Com isso, fato inegável pode ser percebido, ainda hoje, nas inúmeras instituições espíritas espalhadas pelos municípios, sobretudo do Brasil. Abundam as reuniões onde se prestam atendimentos ditos espirituais com perspectivas de cura do corpo, reuniões essas superlotadas, com médiuns abnegados, mas pouco instruídos na doutrina, varando as madrugadas para satisfazerem aos que lhes procuram.
Enquanto isso, as sessões de estudos, onde o conhecimento doutrinário preparará a pessoa para que ela mesma encontre os caminhos da auto libertação permanecem vazias.
Não raro muitos veem-se desestimulados, descontentes e sonham com informações advindas do mundo espiritual acerca da própria vida, do passado, ou ainda com o advento da mediunidade ostensiva da qual se acham plenamente merecedores, dentre outras vantagens.
Digno de nota é a separatividade, o bairrismo, o preciosismo que grassa nas instituições espíritas, que atestam de tudo menos a prática da caridade ensinada pela espiritualidade. Cada Casa Espírita torna-se uma ilha impenetrável, onde de portas cerradas ao movimento pratica o espiritismo à moda da casa, contrariando todas as propostas de unificação.
Nessas ilhas não raro sobressai o estrelismo, de forma que uma barreira é criada impedindo que outros trabalhadores possam ser úteis, como se estes professassem outra doutrina. É comum a alegação de que a vida moral daquele o deixa inapto, sendo que na maioria das vezes o próprio julgador não resiste à pedra de toque.
Assim, em torno do mesmo ideal pessoas se reúnem sem no entanto atentarem para o ideal do próprio Cristo ou da própria doutrina que professam sem conhecer. 
Herculano Pires, em O Centro Espírita disse: "Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural da Terra." (Herculano Pires - O Centro Espírita)
É necessário questionar se o modelo de Centro Espírita que temos é aquele idealizado por Allan Kardec.
Notadamente, nos dias atuais para que se inicie uma nova instituição espírita que seja séria e confiável envolve custos que acabam por inviabilizar a iniciativa de muitos. Não basta mais apenas a boa vontade. Ainda nascem aqui ou ali agrupamentos sob a copada de árvores, onde se preparam sopões em condições questionáveis com o intuito de se praticar a caridade. Ocorre que em muitos desses casos falta o mais importante, que é o estudo regular do espiritismo.
As casas espíritas bem estruturadas quase nunca ofertam a tais grupos o respaldo necessário. Esses trabalhos costumam estar vinculados àquela pessoa  que tomou a iniciativa de realizá-lo, assumindo por isso uma característica personalista. Muitos não dão seguimento,  especialmente por falta de voluntariado. 
É o retrato da desunião. O bom senso diz que é papel das instituições localizadas nas proximidades daquela ação irem ao encontro daqueles de boa vontade, ofertando-lhes respaldo e não dizer vinde a mim.
Há ainda o caso daqueles que imbuídos da divulgação doutrinária, através de excelentes livros, ocupam-se com a divulgação e venda deles para subsidiar a sua edição, publicação e divulgação. Mas, pecam ao se esquecerem das pequenas e nascentes instituições, que necessitam apoio e encorajamento. Poderiam realizar atividades nelas, como seminários, palestras e outras, entretanto preferem realizar suas atividades nas casas de estruturas invejáveis, quando não em suntuosos salões pagos a preço de ouro, esquecidos de que Jesus teve como palco os montes, as ruas e as praias.
A paz esteja convosco.

José.

Material ofertado pelo médium para auxiliar no estudo da mensagem.

O Evangelho Segundo o espiritismo, Cap. 10, ítens 20 e 21

O Livro dos Espíritos questões 903, 904, 904a, 905.

 "não basta que os membros da sociedade sejam partidários do Espiritismo em geral; é necessário que concordem com sua maneira de ver. A homogeneidade de princípios é condição sem a qual uma sociedade qualquer não poderia Ter vitalidade. É pois, necessário conhecer a opinião dos candidatos, a fim de que não sejam introduzidos elementos de discussões ociosas, que acarretam perda de tempo e poderiam degenerar em dissenções". E ainda: "Antes de mais nada, objetiva ela prosseguir seus trabalhos com calma e recolhimento...É evidente que cada um é perfeitamente livre para discutir os pontos controvertidos e emitir sua opinião pessoal. Outra coisa, porém, é dar conselhos ou chegar com idéias sistemáticas e preconcebidas em oposição às bases fundamentais" - (Allan Kardec - Revista Espírita, pág. 396 - 1859).
a) Sobre os espíritas imperfeitos:
"Em algumas pessoas, os laços materiais são ainda muito fortes, para que o espírito se desprenda das coisas terrenas. O nevoeiro que as envolve impede-lhes a visão do infinito. Eis por que não conseguem romper facilmente com seus gostos e os seus hábitos, não compreendendo que possa haver nada melhor do que aquilo que possuem. A crença nos Espíritos é para elas um simples fato, que modifica pouco ou nada as suas tendências. Numa palavra, não vêem mais do que um raio de luz, insuficiente para orientá-las e dar-lhes uma inspiração profunda, capaz de modificar-lhes as tendências. Apegam-se mais aos fenômenos do que a moral, que lhes parece banal e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente as iniciem em novos mistérios, sem indagarem se se tornaram dignas de penetrar os segredos do Criador. São, afinal, os espíritas imperfeitos, alguns dos quais estacionam no caminho ou se distanciam do seus irmãos de crença, porque recuam ante a obrigação de se esforçarem, ou porque preferem a companhia dos que participam das suas fraquezas ou das suas prevenções. Não obstante, a simples aceitação da doutrina, em princípio é um primeiro passo, que lhes facilitará o segundo, numa outra existência" - (Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 4).
b) Sobre compromissos indissolúveis:
"...os próprios compromissos que ligam os membros de uma sociedade criam obstáculos para isso (o afastamento de elementos perturbadores). Eis porque é conveniente evitar as formas de compromissos indissolúveis: os homens de bem sempre se ligam de maneira conveniente; os mal intencionados sempre o fazem de maneira excessiva" - (O Livro dos Médiuns - item 337).
c) Sobre os indivíduos-problema:
"Além das pessoas notoriamente malévolas que se infiltram nas reuniões, há as que, por temperamento, levam perturbação onde comparecem. Dessa maneira, nunca será demasiado o cuidado na admissão de novos elementos. Os mais prejudiciais, nesse caso, não são os ignorantes da matéria, nem mesmo os descrentes. A convicção só se adquire através da experiência e há pessoas que de boa fé querem se esclarecer. Aqueles contra os quais particularmente se devem acautelar são as pessoas dotadas de idéias preconcebidas, os incrédulos sistemáticos que duvidam de tudo, mesmo da evidência, os orgulhosos que pretendem ter o privilégio da verdade e procuram impor sempre a sua opinião olhando com desdém os que não pensam como eles. Não vos enganeis com o seu pretenso desejo de esclarecimento" - (O Livro dos Médiuns - item 338).
d) Sobre os inimigos encarnados:
"Os mais perigosos não são os que o atacam abertamente, mas os que agem nas sombras, os que o acariciam com uma das mãos e o apunhalam com a outra. Esses seres malfazejos se infiltram por toda a parte onde possam fazer mal. Sabendo que a união é uma força, tratam de destruí-la, semeando a discórdia. Quem poderá então dizer que os que provoquem perturbação nas reuniões não sejam agentes provocadores, interessados na desordem? Seguramente não são verdadeiros nem bons espíritas, pois não podem fazer o bem e sim muito mal. Compreende-se que tenham muito mais facilidades de se infiltrar nas reuniões numerosas do que nos pequenos grupos em que todos se conhecem. Graças a manobras escusas, que passam despercebidas, semeiam a dúvida, a desconfiança e a inimizade. Sob a aparência do interesse pela causa criticam tudo, formam grupinhos que logo rompem a harmonia do conjunto. (...) Essa situação, prejudicial a todas as sociedades, o é ainda mais às sociedades espíritas, pois se não levar a uma ruptura, provocará preocupações incompatíveis com o recolhimento exigido pelos trabalhos" - (O Livro dos Médiuns - item 336).
e) Sobre os inimigos desencarnados:
"As sociedades, pequenas ou grandes e todas as reuniões, seja qual for a sua importância, têm ainda de lutar contra outra dificuldade. Os fatores de perturbação não se encontram somente entre os seus membros, mas também no mundo invisível. Assim como há Espíritos protetores para as instituições, as cidades e os povos, os Espíritos malfeitores também se ligam aos grupos e aos indivíduos. Ligam-se primeiro aos mais fracos, aos mais acessíveis, procurando transformá-los em seus instrumentos, e pouco a pouco vão envolvendo a todos, porque sua alegria maligna é tanto maior quanto maior o número dos que tenham subjugado. Todas as vezes, pois, que num grupo uma pessoa tenha caído na armadilha é necessário dizer que se tem um inimigo no campo, um lobo no redil e que se deve ter cautela porque o mais provável é que aumente as suas tentativas. Se não se desencorajar esse elemento por uma resistência enérgica, a obsessão se torna um mal contagioso que se manifestará entre os médiuns pela perturbação da mediunidade e entre os demais pela hostilidade recíproca, a perversão do senso moral e a destruição da harmonia. Como o mais poderoso antídoto desse veneno é a caridade, é ela que eles procuram abafar. Não se deve, pois, esperar que o mal se torne incurável para lhe aplicar o remédio. Nem mesmo se deve esperar os primeiros sintomas, pois é sobretudo necessário preveni-lo. Para isso, há dois meios eficazes: a prece feita de coração e o estudo atento dos menores sintomas que revelem a presença de Espíritos mistificadores" - (O Livro dos Médiuns, - item 340).
"Pode-se estabelecer que todo aquele que numa reunião provoca desordem ou desunião, ostensivamente ou por meios escusos, é um agente provocador ou pelo menos um mau espírita de que se deve desembaraçar o quanto antes" - (O Livro dos Médiuns - item 337).
f) Sobre recursos materiais: "Quando se trata de uma obra coletiva, onde cada um deve trazer seu contingente de ação, como seria a de um Caixa Geral, por exemplo, convém fazer entrarem essas considerações em linha de conta, porque a eficácia do concurso que se pode esperar está na razão da categoria a que pertencem os adeptos. É bem evidente que não se pode contar muito com os que não levam a sério o lado moral da Doutrina e, ainda menos, com os que não ousam mostrar-se" (Revista Espírita, 1866).
"...Um ponto essencial na economia de toda administração previdente é que sua existência não repousa sobre produtos eventuais que podem faltar, mas sobre recursos fixos, regulares, de maneira que sua marcha, aconteça o que acontecer, não possa ser entravada." E ainda: " Assentar despesas permanentes e regulares em recursos eventuais seria uma falta de previdência, que um dia se poderia lamentar." - (Revista Espírita, 1868).

Nenhum comentário: